Em busca de novos vocábulos

Os contributos lexicais e semânticos de António Marçal - essa referência incontornável do pensamento contemporâneo

A Estupidologia é uma ciência abrangente, plural, interdisciplinar. Por isso é importante falar de Literatura Lhé. António Marçal, fundador do movimento Lhé e especialista em neo-vocábulos, acaba de lançar um livro com histórias simples, sem cá javardiçes e sempre aberta a novas influências culturais na sua escrita. Aqui fica um excerto para abrir o apetite aos mais curiosos.

História 9 696 969

Estava um lhé no shlhép shlhép junto ao fogão da cozinha com a sua lhézita quando de repente ele abre o cabaz .

«'Tás todo queimado!» - diz a lhézita, interrompendo o shlhép shlép.

«Podes falar durante o shlhép shlhép, mas deixa o ananás direito, senão aqui o cajó anda desorientado e uma pessoa quer manjar descansadinha» - ripostou o lhé. E o shlhép shlép continuou, continuou, continuou,...

Passado algum tempo, o lhé pergunta á lhézita: «Não gostas?»

Farta de ananás, ela respondeu-lhe: «Continuo com fome. Passas-me-me o chouriço de sangue? Hmmm?»

in António Marçal, Fábulas Alimentares - Um fractal das narrativas, Cabaz Editora, 2004, 69ªedição, Cais do Sodré

Subsistem contudo algumas dúvidas interpretativas na obra do autor, as quais só o próprio poderá dissipar, nomeadamente no que diz respeito ao conceito de Lhé. Tratar-se-á de uma onomatopeia? De uma interjeição? Ou de um substantivo?

Como responderia certamente o autor, «'Tás cheio da substantivos...»