Estupidologia s. f. - Ciência que estuda a auto-repressão voluntaria da razão e dos sentimentos; interesse pragmatico-investigativo pelos non-sense da vida em colectividade; teoria matemática que defende existir uma relação de proporção directa entre a sensação de felicidade e a acção de mecanismos primários do homem; designação do maior, mais antigo e poderoso lobbie do mundo; empresa familiar de farturas; nome de um blog

segunda-feira

Como fazer um filme estúpido para mulheres

Depois do sucesso «Como fazer um filme estúpido para homens...»

Proponho um tema inédito para fazer um filme para mulheres. E perguntam vocês - seus curiosos: «o que é uma mulher?». Atormentado pelas as mesmas incertezas que vós, fui ao dicionário. Diz o meu Torrinha de 1946 o seguinte:

Mulher, s. f. Pessoa do sexo feminino, depois da puberdade.

Como o dicionário é velho e a definição pode já estar desactualizada, decidi cruzar informação no Larrousse.

Mulher, s. f. Ser humano adulto do sexo feminino.

Pronto. Cá está. Confirma-se. Posto este intróito, avancemos.

Um filme original pode falar de um tema inédito nunca antes visto num filme, sei lá, por exemplo, hmm, er... ora bem, deixa cá ver, olha, ...o amor. Digam lá que eu não tenho imaginação.

O filme estúpido para mulheres tem sempre como personagem central uma mulher bem sucedida na vida. Menos de trinta anos, com um emprego na Televisão ou então qualquer outro que revele que é inteligente, um descapotável de dois lugares, uma casa bem decorada, bonita - por mero acaso -, solteira - por mero acaso, só que usa óculos com armação de plástico preta com lentes de fundo de garrafa

Um dia - por mero acaso - ela deixa cair a pasta com as folhas com cálculos aritméticos muito complicados e transcendentes ao comum mortal e - por mero acaso - um homem alto-de-olhos-de-uma-cor-clara-qualquer-com-cara-de-bebé-com-músculos-que-não-são-demasiados-mas-também-não-são-muito-poucos-que-tem-um-sorriso-simpático. ajudou-a a na penosa tarefa de apanhar as folhas.

Aquilo é logo amor à primeira vista.

Entretanto, e por mero acaso, o homem-alto-de-olhos-de-uma-cor-clara-qualquer-com-cara-de-bebé-com-músculos-que-não-são-demasiados-mas-também-não-são-muito-poucos-que-tem-um-sorriso-simpático encontra-a no elevador e sorri para ela.

Histérica, ao encontrar as amigas, conta-lhes que o Bryan (que é o nome do homem-alto-de-olhos-de-uma-cor-clara-qualquer-com-cara-de-bebé-com-músculos-que-não-são-demasiados-mas-também-não-são-muito-poucos-e-que-tem-um-sorriso-simpático) sorriu para ela no elevador.

Um dia - por mero acaso - o Bryan salva a protagonista que ia sendo atropelada por uma máquina grande (um combóio, um camião T.I.R., um Boeing), atira-se para a frente do dito objecto, agarra-a, rebola no chão e - por mero acaso - salva-a.

Depois, segue-se um silêncio...

E o Bryan diz:

«Pois é. Cá estamos nós. Um em cima do outro. »[Por mero acaso. Calhou...]

Ela responde:

«É verdade, é verdade... Estas coisas estão sempre a acontecer. Uma pessoa já não pode andar descansada que aparece um combóio no meio da rua. Veja lá que ontem foi um Boeing.»

Ora bem. Façamos uma pausa.

Homem alto-de-olhos-de-uma-cor-clara-qualquer-com-cara-de-bebé-com-músculos-que-não-são-demasiados-mas-também-não-são-muito-poucos-e-que-tem-um-sorriso-simpático + Mulher + Salvamento + Contacto Físico + Olhos nos olhos = ?

O que é que irá acontecer??

É então que ele - o Bryan - lhe tira os óculos com armação de plástico preta com lentes de fundo de garrafa da sua cara, revelando-nos uma feia que afinal estava disfarçada.

E diz:

«Sugar. Amo-te. Tipo és o meu sol e a minha luz»

O público (algumas mulheres ou gays) suspira «Ai, ai, ...Quando é que chega o meu cavaleiro?»

No fim eles casam. A protagonista, depois da cerimónia, atira o ramo de flores que - por mero acaso - vai calhar nas mãos de uma das suas amigas.

E viveram felizes para sempre.

Sugestões de títulos

Amor à primeira vista
Love at first sight
Amour a lá primeré vié
Um dia na passadeira da Praça do Comércio

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