Estupidologia s. f. - Ciência que estuda a auto-repressão voluntaria da razão e dos sentimentos; interesse pragmatico-investigativo pelos non-sense da vida em colectividade; teoria matemática que defende existir uma relação de proporção directa entre a sensação de felicidade e a acção de mecanismos primários do homem; designação do maior, mais antigo e poderoso lobbie do mundo; empresa familiar de farturas; nome de um blog

quinta-feira

Meta aspiracional

Gostava me tornar num novo-rico. Por um lado, ainda sou novo e tenho hipóteses. Por outro, a torneira dos fundos perdidos da UE já secou. Algo me diz que isso pode constituir um entrave à realização deste meu sonho...

Mas era bom. Não tinha que trabalhar muito e teria gostos simples. Música pimba. Futebol Clube do Porto. Ucranianas. As pessoas podiam rir-se de mim mas eu é que tinha o dinheiro. E jipes.

Eu seria um tipo ambicioso. Estou a imaginar-me a ir ao banco dar a entrada para a vivenda. Qualquer pessoa de sucesso tem uma vivenda. Tudo bem que eu sou um tipo para o sub-urbano, mas o crédito existe para quê? Quando olhamos para os vizinhos e vemos que eles compraram uma vivenda, é de uma pessoa ficar com inveja.

Comandaria os meus próprios negócios. Os meus empregados seriam todos corridos a recibos verdes para poupar nos salários e ainda ganhar algum no IRS. Investir? Claro. A fachada do armazém de construção civil tem que se mudar de tempos a tempos.

Que momentos de lazer eu teria. Levaria a filharada e a mulher comigo e faria viagens no meu jipe, onde apreciaria, de olhos fechados, a sonoridade introspectiva de Tony Carreira. E não me inibiria de evacuar mesmo junto à estrada se a vontade apertasse: a família ficava no carro; a porta ficava aberta de modo a difundir a música; e eu, ali, junto aos arbustos, num momento de descontracção. Era diferente.

Dizem que os novos-ricos têm mau gosto. Pois eu faria gala de o mostrar. Para que é que serve a cultura? Para conhecer mais? E para que é que isso serve? Eu é que teria o dinheiro...

Queria lá eu saber da presidência portuguesa da União Europeia" no 2º semestre de 2007. Queria lá eu saber do referendo do aborto. Queria lá eu saber do risco de estrangulamento em 2014 da Caixa Geral de Aposentações. Eu queria era sossego. Os tipos que andam sempre preocupados com o Conhecimento estão sempre tesos. Os intelectuais: todos pobres.

E aos fins de semana, convidava uns amigos para ver a minha casa de família de modo a que pudessem constatar o quanto eu tinha progredido socialmente desde a semana passada: que tinha mudado de jipe, que estava a instalar uma piscina e que tinha um plasma para ver os jogos do Porto na SportTV.

E aí sim, eu tornar-me-ia numa pessoa extraordinária.

quarta-feira

Também eu tenho um best of?



Período de recolhimento


Este blogue deixou de existir por alguns meses. É que passei por toda uma fase espiritual. Uma fase profunda. Uma fase de resolução de todo um conjunto de dissonâncias internas, vá.

É que eu pensava que eu era uma pessoa mais ou menos, de nacionalidade portuguesa, que ia ganhando a vida a escrevinhar e que até estava de saúde. Depois de ter visto os links abaixo, pus em causa a minha própria auto-imagem. Dou por mim e se calhar afinal sou músico, brasileiro, uma grande pessoa, e já morri.

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