Estupidologia s. f. - Ciência que estuda a auto-repressão voluntaria da razão e dos sentimentos; interesse pragmatico-investigativo pelos non-sense da vida em colectividade; teoria matemática que defende existir uma relação de proporção directa entre a sensação de felicidade e a acção de mecanismos primários do homem; designação do maior, mais antigo e poderoso lobbie do mundo; empresa familiar de farturas; nome de um blog

terça-feira

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Don't you know, pump it up. You've got to pump it up.
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segunda-feira

Pedir desculpas



A estupidologia - essa ciência - tem vindo a esforçar-se por compreender os padrões de comportamento masculinos e femininos durante a percepção de estar errado.

Por que é que, por um lado, eles normalmente pedem desculpa a elas por tudo e por nada? E por que é que, por outro, elas quase nunca lhes pedem desculpa? Tentámos tomar o pulso a este fenómeno quase tão curioso como a Paula Bobone.

1.Ela a ele

O Gajo procura chamar a atenção para algo que ela fez e que não gostou. A Gaja responde:

- Desculpa lá mas eu não te vou pedir desculpa.

2. Ele a ela

O Gajo faz qualquer coisa que a Gaja não gostou. O que é que o Gajo responde?

- Desculpa.

Ao que ela - sempre receptiva ao pedido - diz:

- Não desculpo. Não desculpo de maneiras que cocorococó, porque brlance, brlance, brlance, brlance, brlance, brlance e... tu sabes que blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá. Não te esquecas que renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó renhó e que segundo o artigo Cento e Duzentos da Constituição da República não podias fazer isso, tampouco segundo a Bíblia - relembro-te aquela passagem que diz «Fazei isto assim-assim-assim, e não sei quê, coiso e não-sei-que-mais e as portas para o céu abrir-se-ão e o camandro» - que não te permite agir dessa maneira tão...; e que isso vem consagrado na Carta da ONU já para não te falar no Preâmbulo da Constituição do Madagáscar, de maneiras que não me peças desculpa porque não quero que o faças.

- Então, desculpa lá estar a pedir-te desculpa.

- Não tens que pedir desculpa por estares a pedir desculpa. Já te disse que não desculpo. Não desculpo de maneiras que cocorococó, porque brlance, brlance, e [...] Preâmbulo da Constituição do Madagáscar.


- Sendo assim descupa lá estar-te a pedir desculpa para me desculpares de te ter pedido desculpa.

- Não tens que pedir desculpa por estares a pedir desculpa de me teres pedido desculpa Já te disse que [...]


De maneiras que pronto.

Recordar é viver IV

Os anúncios da DSF



«Ich liebe dick... Neue...! Jah. Oh, jah...!! Ruf mich ahn... Vier Zwei Drei Vier Zwei Drei... Call now... Jetzt! Liiiiive!»

domingo

O Zé Dias

Profundamente preocupados com o problema académico da renovação das tipologias caricaturais da sociedade portuguesa contemporânea - qual Ferreira Leite preocupada com o défice - os antropo-estupidólogos António Marçal e Pedro Gabriel vieram reenquadrar, diriamos, redesenhar, redefinir aquilo a que outrora se designava por «Zé Povinho» (séc.XIX/XX), ou por «Toni» (décadas de 80 e 90). É o emergir de um novo conceito de caricatura social para o séc XXI: o «Zé Dias».

Mas, e perguntam vocês, «o que é um Zé Dias?» Citemos os académicos.

«Zé-Dias - s. m. - Todo o indivíduo rústico português e do sexo masculino. Normalmente usa bigode, diz «hã» como quem escreve uma virgula, é amigo de coçar o escroto em locais públicos e acha que sabe falar estrangeiro. [...]
Luis Filipe Vieira e Zezé Camarinha constituem aproximações conseguidas á abrangência significacional da tipologia em questão. (...)»

in Zé Dias e o Camandro: uma dupla de sucesso, António Marçal e Pedro Gabriel

Mas, e pergunta o caro leitor dotado de pénis: «Serei eu um Zé Dias?», «Poderei eu vir a ser um?», ou, de fundamental pertinência, «E isso é bom ou mau?»

E não é que - co'a breca mas que coincidência feliz - a ciência estupidológica se propõe aqui e agora, ajudá-lo a resolver estes seus preocupantes, profundos, diriamos mesmo, dramáticos problemas existenciais que tanto o assolam?

O Perfil do Zé Dias

1. - O Zé Dias vai às compras
Num sábado agradável, limpo e solarengo, o Zé Dias - esse ser inteligente, quase tanto como uma uma garrafa de litro e meio de sumo - decide levar a família a um espaço de lazer - o Continente. Por vezes, e num largo rasgo de criatividade, às vezes chegam mesmo a ir ao Jumbo.
Porque o Zé Dias se preocupa muito com a alimentação dos filhos, leva-os sempre ao McDonald's.

«ó Ricardo Emanuel... hã...não tazóvir a tua mãe? ...Hã? Já te disse. ...Hã? Come o Happy Meal todo, ... hã... senão ...hã... não levas a Pocahontas. Hã?»

2. - O Zé dias atende o telemóvel

«Tá lá?... Atão?... Tou no ótócárre.... Hã?... Sim, vou agora p'ra Cacilhas... Não´tó a óvoir nada... Tá lá? ... Hã? ... Sim... Pá, eu não sei. Pergunta lá iss'ao chefe quelé q'sabe. El'é q'tem a mania q'é bom a mania q'é bom, de maneiras que ... Sim... Hã?...Sim... Pois... Sim... Sim... Não... Pois pois pois pois pois... Éxáto, éxáto, éxáto, éxáto, éxáto... Hã...O código do multibanco dele, hã, é o 9636. Repito, hã?,9636. Mãs não digas a ninguém, hã? Sim... e o NIB dele, hã, é 010000222 000012 0001233321 0007 da Caixa Geral de Depósitos da Cova da Piedade, hã?... mas não digas a ninguém, hã?... pois pois pois pois pois... E o nome completo dele, hã?, é Teodoro Duarte de Sousa. Mas não digas a ninguém, hã?; são coisas que as outras pessoas não têm que saber, não têm que saber... Olha, a minha paragem é a seguir, a gente logo fala melhor, hã?... A morada?, Avenida da Liberdade, hã..., 52, 1ºesq, 2800 Almada... Olha, diz l'a ele que me pague o que me deve. Mas isto não é p'randares aí a espalhar, hã?... Sim, tá, xau, tá xau, adeus, 'té logue, 'té logue, xau, tá, sim, tá, tá, xau, xau, xau...

3. - O Zé Dias vê uma mulher

Ó BOUAH! NÃO QUERES PROVAR DO MEU CHÓRISSE, HÃ? ANDA CÁ ANDA Q'EU JÁ T'DIGATI...! TAS TE A RIRES?, HÃ? TAS TE A RIRES? NÃO TE RIRES!

4. - O Zé Dias vê as notícias

Quando o Zé dias vê as notícias e chega a parte da política, costuma comentar "q'ist'é tud'a mesma coisa", "q'eles querem é inganar agente" ou que " semos da Órópa, semos da Órópa, hã, mas os ordenados não são como os q'há lá fora", o que - segundo a douta opinião do Zé Dias - , "'tá mál".
Instalado no seu sofá, desenvolve, com toda uma fundamentação teórico-argumentativa, uma proposta alternativa de desenvolvimento sustentado:
«Pá, devia d'haver mais hospitais, mais escolas, hã, mais impregos, mais estradas, dar mais subsídes ós agricultores, ós pescadores,... e ódepois, hã, deviam de s'abaixáre os impostes».

5. - O Zé Dias vai de férias

O Zé dias vai sempre de férias em Agosto com os sogros, a mulher e os filhos.

Nas praias do Algarve, para além da incontornavel tanga, o Zé Dias leva as cadeirinhas, a geleira de 30 Litros, o chapeu de praia a dizer Café Delta, boné a dizer Talhos 70 e carapaus para assar.

6. - O Zé Dias pede a conta

«Ó chefe...»

7. - O Zé Dias curte dum som

O HOMEM TRABALHA UMA VIDA INTEIRA PARA UM DIA REGRESSAR
E NO ESTRANGEIRO É SEMPRE UM FORASTEIRO COM SAUDADES DO SEU LAR
NO CORAÇÃO TRÁZ A MULHER QUE AMA E QUE SEMPRE AMARÁ
AQUELA CARA BONITA E AQUELE CORPO DIVINOQUE NUNCA ESQUECERÁ

EU SEI EU SEI ÉS A LINDA PORTUGUESA COM QUEM EU QUERO CASÁÁÁR
JÁ CORRI MUNDO E NÃO ENCONTRO OUTRA IGUAL COM QUEM EU QUEIRA FICÁÁÁR
A MAIS FORMOSA MAIS GOSTOSA DAS MULHERES QUE DEUS PÔDE CRIÁÁÁR
AI A SAUDADE E A ESPERANÇA DE UM DIA VOLTAR PARA A ABRAÇÁÁÁR

É NO INVERNO QUE NO MEU PEITOÉ MAIOR A SOLIDÃO
E É CERTAMENTE DE TER QUE ESPERARPOR AGOSTO EM PORTUGAL
NA MINHA ORAÇÃO EU PEÇO AO SENHORO MILAGRE DE VOLTAR
E OLHAR ESSA CARA BONITA E ESSE CORPO DIVINO QUE NUNCA ESQUECEREI

EU SEI EU SEI ÉS A LINDA PORTUGUESA COM QUEM EU QUERO CASÁÁÁR
JÁ CORRI MUNDO E NÃO ENCONTRO OUTRA IGUALCOM QUEM EU QUEIRA FICÁÁÁR
A MAIS FORMOSA MAIS GOSTOSA DAS MULHERES QUE DEUS PÔDE CRIÁÁÁR
AI A SAUDADE E A ESPERANÇA DE UM DIAVOLTAR PARA A ABRAÇÁÁÁR

sexta-feira

Conversas na minha terra



Imaginem as senhoras alcoviteiras da vossa vizinhança. Já está? Agora em mau. Pronto. Acabaram de imaginar Monforte da Beira, uma maravilhosa comunidade humana com 200 habitantes no distrito de Castelo Branco, onde o passatempo preferido é espremer a vida dos outros.

- Ó Maritrêza, "diz" q'ontem q'andarem a róbar crutiça lá na tapada...

- "Diz" q'sim, "diz" q'foi o cunhado do Ti Zéi Pichelêro, que "diz" q'agora q'anda muito mále, q'anda muito mále desde q'a melhér o dêchôu.

- Ai a melhèr dêchou-o?

- Dechôu pôus! É q'a casa deles 'tava no nome dela e agora "diz" q'tão pa tribunal "diz" q'tão pa tribunal, e de maneiras q'agora "diz" q'ele and'aflito muit'aflito, muit'aflito porque diz q'a melhér l'alivou tûde.

- Ai a melhér alivou-le tûde?

- Alivou pôus! "Diz" q'a culpa d'eles nã se dárém bém q'é do filho que "diz" que já 'tá há uns pôucos d'ânos na Arrábida Saudita na Arrábida Saudita. De manêras que "diz" q'ele teve p'ra lá um acedente com uma máquena e "diz" q'o siguro nã le quer pagar, nã le quer pagar e a modos q'agora "diz" que nã consegue mandar denhêre p'ra cá, que nã consegue mandar denhêre p'ra cá.

- Ai nã consegue mandar denhêre pra cá?

- Ai pois nã, nã consegue. E "diz" q'o patrão já não le paga, q'o patrão já não le paga, e atão como a zêtôna nã é munta estiâno, os pais cá andam ás turras andam ás turras purq' num há denhêre e a modos q'agora andam munto arreliados munto arreliados munto arreliados.

- E é assim a vida. E é assim a vida.

- A ver se vou tratar do almoço, q'o mê hóme deve tar a chigar da horta.


Coitado do cunhado do Ti Zéi Pichelêro. E o camandro.

Coiso

Um conceito de índole problemática

A Estupidologia, quase tanto como com a subida das taxas de juro na Gâmbia , preocupa-se bastante com coiso, com todas as coisas associadas a coiso, assim como também á coisificação concreta do fenómeno significacional «coiso».

Pretendemos com isto dizer e coiso que falar de coiso é muito importante, quase tanto como compreender a locomoção da foca cinzenta, não só porque coiso mas também porque essa palavra quer dizer muita coisa.

A gramatico-estupidologia é favorável à integração semântica da palavra «coiso» em todos os âmbitos da vida humana desde o uso corrente do dia-a-dia, até aos domínios bastante mais técnicos, que exigem todo um saber, adquirido e aperfeiçoado ao longo de vários anos, como cortar queijo fresco em fatias.

«Ó coisinho: corta-m'aqui o coisinho, assim deitado, em coisinhas redondas pa' ficar mais apresentável, qué pa' ódepois eu temperá-lo aqui com este coiso em pó.»

Devemos dizer que o Conselho Estupido-Gramatológico chega mesmo a advertir para a importância, para a centralidade, para a ful-cra-li-dááááde desta palavra no momento de pedir um favor.

« - Ó coisinho, chega-me aí aquela coisinha azul que está ao pé desse coisito aí.

- Aí aonde?

- Duh! A que está ao pé desse coisito aí.»


E nós tudo bem.

Enfim, a palavra coiso não é um problema de comunicação. É deveras - isso sim - uma solução criativa, audaz, e de uma riqueza semântica inigualavel.
Com tecnologia do Blogger.

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