Estupidologia s. f. - Ciência que estuda a auto-repressão voluntaria da razão e dos sentimentos; interesse pragmatico-investigativo pelos non-sense da vida em colectividade; teoria matemática que defende existir uma relação de proporção directa entre a sensação de felicidade e a acção de mecanismos primários do homem; designação do maior, mais antigo e poderoso lobbie do mundo; empresa familiar de farturas; nome de um blog

segunda-feira

Como atravessar uma rua



Hoje um rapaz africano desorientado - vulgo P.R.E.T.O (Pessoa de Raça Escura Totalmente Otária) - ensinou-me como se deve atravessar uma rua. Fiquei, devo dizer-vos, muito surpreendido pelo primor técnico da metodologia do moço pelo que me vejo forçado a espalhar o modus operandi desta técnica. A técnica do P.R.E.T.O.

Estava eu a dirigir-me a casa do André quando, ainda na minha rua, fui surpreendido por um vulto escuro bem à frente do carro em andamento. Pensei: «será um fantasma?», «...mas os fantasmas são brancos...», «ná... só pode ser fumo». Mas não, era um P.R.E.T.O.

Travei - facto do qual me viria a arrepender profundamente - ao que aquele amontoado orgânico de células desorganizadas abriu muito os olhos, que pareciam duas bolas de bilhar de tão esbugalhados de pânico, enquanto a viatura se preparava para ir de encontro a ele.

Estatelou as mãos no capot. Ia eu reclamar com o «suicida» quando ele diz imediatamente:

«Ché!, num fáis piskâ purké?»

... ao que lhe respondi:

«Não, porque a rua é de sentido único».



Pensam vocês: «Também quero ser assim! Mas como é que eu posso ser igual a um P.R.E.T.O?»

Simples. Vou dar-vos os passos, ok? Tomem nota dos já denominados por alguns estupidólogos Princípios de P.R.E.T.O. Trata-se nada mais nada menos do que perceber como é que aquele indivíduo pensou antes de me atropelar o carro.

1. Pela istráda num si atravessa. Si cáminha. Quer este axioma dizer que P.R.E.T.O. que é P.R.E.T.O circula pela estrada. Foi o que aconteceu. «Ché, olhá ali cárro. Olha... vem no meu direcção... Ché! P.R.E.T.O num disvia!! Ké passá, pássa pu cimâ!!»

2. Metê á frenti da carro pá obigá a carro a travá. Esta técnica é particularmente útil fora das passadeiras, como foi o caso.

3. P.R.E.T.O é sêêêmpri êdukado e péde sempri discurpa. Este é um axioma fundamental. Depois da m*rd* feita, os membros otários desta curiosa comunidade dizem a palavra discurpa, a qual - diga-se em abono da Verdade científica - não compreendem bem. Para parecerem civilizados, imitam os autóctones. «Discurpa» em linguagem de P.R.E.T.O. quer dizer «Sou idukado pá cár*lh*!» Este princípio é aliás bastante utilizado nas mais diversas situações desde quando passam à frente dos outros com as compras nas filas do LIDL até quando apagam o que não devem num computador, quando sabem mexer num.

4. Cárro num choca com P.R.E.T.O.; P.R.E.T.O. choca cum cárro mas cága ná cêna. Esta é uma estratégia inteligentíssima para fugirem às indemnizações a estragos contra terceiros. Mesmo que eu tivesse a culpa - situação na qual eu teria atropelado o indivíduo da amostra P.R.E.T.O. aqui em estudo - o seguro não cobriria, uma vez que não se tratava de uma pessoa mas sim de uma «pessoa».

Se o P.R.E.T.O. fosse o culpado, eu é que teria problemas com a própria Polícia porque esta só prende pessoas, facto que deixa os indivíduos em causa de fora da responsabilização jurídica.

Mostrei entretanto este post ao meu vizinho africano ali do R/C DTO do nº7 e ele - que sabe distinguir um carro de um saco de arroz - concordou com estes princípios universal e estupidologicamente reconhecidos aos P.R.E.T.O.S, categoria na qual ele não se enquadra, uma vez que não estamos perante um indivíduo otário.

Apesar destes esclarecimentos, ficam algumas questões: «onde se escondem?»; «farão de propósito?»; eis alguns problemas com que se depara a estupidologia moderna.

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