Estupidologia s. f. - Ciência que estuda a auto-repressão voluntaria da razão e dos sentimentos; interesse pragmatico-investigativo pelos non-sense da vida em colectividade; teoria matemática que defende existir uma relação de proporção directa entre a sensação de felicidade e a acção de mecanismos primários do homem; designação do maior, mais antigo e poderoso lobbie do mundo; empresa familiar de farturas; nome de um blog

quarta-feira

Lisboa Viva ou Lisboa Morta?

Perplexidades de um cidadão

Lisboeta que é lisboeta e que anda sempre de um lado para o outro, de um lado para o outro, de um lado para o outro, precisa de ter um passe social que lhe assegure mobilidade, rapidez, conforto e essas coisinhas todas.

«Ah» - suspiro enquanto olho grato para os céus e me vêm à cabeça imagens de pessoas felizes a saltar de núvem em núvem, alegres e sorridentes de tanta a comodidade do novo passe - «como é agradável passar com o cartão no sensor da máquina validadora e o dispositivo não fazer «pi»

O que a mim me fascina no meu Cartão Lisboa Viva é tentar perceber o que é que faz com que os validadores do metro gostem do meu passe e me abram a cancela sem problemas, ao passo que os do barco e os do autocarro não... Não era suposto o raio do cartão ser uma vantagem para a circulação multimodal?

Diz o site da Carris que - primeira piada - «basta passar com o cartão a cerca de 5 centímetros do círculo negro do validador, que emitirá um sinal sonoro e luminoso, indicando se o passe está [ou não] válido».

Farto da situação de andar de roda do cartão nos validadores enquanto vai crescendo uma fila atrás de mim, procurei informar-me de como proceder à substituição.

Sempre cheios de humor - ai, aquela rapaziada da Carris - dizem também que para ter um Cartão Lisboa Viva é necessário uma requisição preenchida, BI, uma fotografia e - segunda piada - «5 euros».

Ora, como se não me bastasse ter que andar todos os dias a raspar com a porcaria do Lisboa Viva naquela caixa amarela a que há quem chame de «sensor», para que os meus incómodos não se repetissem - durante quanto tempo? -, tinha que pagar por um novo.

Já não bastará ter que adquirir a senha para ter que adquirir também um sítiozinho «próprio» onde a colar, bem bonitinha?

Os operadores de transportes descobriram uma nova fonte de receitas, criando um novo produto: o sítio-onde-se-cola-a-senha-mensal-a-qual-constitui-o-nosso-título-de-transporte-legitimador-das-nossas-utilizações-dos-seus-serviços.



Fig.1- Sítio-onde-se-cola-a-senha-mensal-a-qual-constitui-o-nosso-título-de-transporte-legitimador-das-nossas-utilizações-dos-seus-serviços, tentando ser reconhecido por um validador.

Não gosto nada quando a máquina não faz «pi».

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.

Seguidores