O sustentáculo da Economia Mundial
Qual fotografia em família dos pacotes de leite Pleno, toda a gente sabe que é importante quadrilhar para levar uma vida saudável e feliz.
Mas aí, perguntam vocês - sempre atentos às problemáticas estupidológicas - "Mas..., e o que é isso de quadrilhar?"
Uma vez que o caro estupidólogo - (sotôr(a)!, como está? Pois é, vá lá que tem estado mais fresquinho estes dias...) - insiste em levantar a questão, diriamos que se trata de um conceito com um campo semântico difícil de delimitar com exactidão.
Gostariamos de começar por dizer que quadrilhar vem de quadrilha. Aliás, e segundo o nosso Torrinha de 1946,...
Quadrilha, s.f. - (...) - bando de ladrões; pop. corja; (...)
Ora sucede que, confrontado com alguma ambiguidade neste raciocínio, o caro estupidólogo que nos acompanha pelos caminhos da reflexão - pá - profunda, interrogar-se-á neste momento:
«Então mas, então mas, então mas-mas-mas - peraí qu'eu não 'tou a acompanhar - se quadrilhar é essencial para uma vivência saudável...hã?..., e se quadrilha é uma corja... hã?..., detecto aqui uma dissonância qualquer... »
Observação inteligente, caros estupidólogos. Observação inteligente.
É que quadrilhar é a palavra de uso corrente para significar "cuscuvilhar", "galinhar", "bisbilhotar". Ora, toda a gente sabe que esta actividade é muito nobre - diríamos, edificante - , até porqu'inclusivamente sem ela diversos sectores da economia dificilmente sobreviveriam.
Qual seria a sustentabilidade económica do mercado a) dos telemóveis, b) da imprensa social, c) das operadoras de rede fixa, d) da televisão, e) de bares e restaurantes, f) dos baldes e esfregonas e g) dos cabelârâros... sem quadrilhice? Quantos postos de trabalho se perderiam nestas actividades sem quadrilhice? Quantos dramas familiares eclodiriam sem quadrilhice?
Por conseguinte, a quadrilhice contribui para a harmonia no mundo de forma - pá, como é que eu hei de dizer? - fundamental e decisiva.
Advertidos que estão - tocados, sensibilizados, diriamos mesmo comovidos - para a importância da quadrilhice para a Economia Mundial, indagar-se-ão agora:
«Ena. Eu também quero ajudar a melhorar o desempenho da Economia Mundial! Como posso então ser um quadrilheiro como deve ser?»
Pois bem. Seja. Perante os tão nobres propósitos que invocam ajudá-lo-emos a realizar esse grande sonho, só ao alcance de pessoas - pá - dotadas, enfim, predestinadas.
1. O lead da quadrilhice
Há que querer saber. Se o Jornalista inicia uma notícia com o lead - no qual responde, pelo menos, às questões essenciais "o quê?", " quem?", "quando?", "onde?", também o bom quadrilheiro deve pautar-se - pá - pelo rigor factual na obtenção de informação: "quem?; onde?; com quem?; a fazer o quê?".
2. Primeiro axioma do quadrilheiro: sorri pela frente. Vomita por trás.
2.1 - Do sorrir pela frente
Há que usar adornos "paz-no-mundo" como coraçõezinhos, florzinhas, pulseirinhas, fiozinhos com o sinhôre, e sorrir sempre á parva. Assim, estimula-se que o outro comunique connosco, graças á imagem de pessoa - pá - compreensiva, ouvinte e deveras preocupada com a problemática da delimitação dos colonatos judaicos.
2.2 - Do vomitar por trás
Ora é aqui que reside o cerne da questão. No vomitar. É que é nesta fase do fenómeno que são dinamizados os fluxos de capitais, seja pela despesa do café, do telefone, do cabelârâro ou do talho. Aqui, o estupidólogo aspirante a quadrilheiro deve converter os inputs recebidos das outras pessoas em outputs de depreciação. Esforce-se por ver o lado negativo. Se não houver, invente. Vá lá. Seja criativo.
Fig.1 - E eu diss'l'assim: blablabloablablablabla. E ele diss'm'assim. Olha, cois'e não-sei-quê. Eu eu diss'l'assim: blablabloablablablabla. e ele. "Ah, não-sei-quê, não-sei-quê. Eu eu diss'l... Olha é assim: bláblábláblábláblábláblá e el...
3. - Axioma 2 do quadrilheiro: Dizer "sim" quando se pede segredo; e dizer "sim" quando se pede o segredo.
Quadrilheiro que é quadrilheiro abdica de ter amigos em nome de uma causa: a Economia Mundial. Por isso, a quadrilhice deve ser encarada como um verdadeiro sacerdócio, um sacrifício, diriamos, que deve ser encarado com toda a dedicação.
Seja cusco. Contribua para o PIB.
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