Estupidologia s. f. - Ciência que estuda a auto-repressão voluntaria da razão e dos sentimentos; interesse pragmatico-investigativo pelos non-sense da vida em colectividade; teoria matemática que defende existir uma relação de proporção directa entre a sensação de felicidade e a acção de mecanismos primários do homem; designação do maior, mais antigo e poderoso lobbie do mundo; empresa familiar de farturas; nome de um blog

sexta-feira

Uma historinha antes de ir fazer ó-ó

«Gorrinho Vermelho»

Era uma vez uma menina muito bonita e bem-educada, daquelas que quando andava, espetava os cotovelos para fora enquanto dava pulos e cantarola «chalala, chalala, ...», e mais não sei o quê.

A sua avó não sabia o que fazer para lhe agradar. Um dia, decidiu oferecer-lhe um bonito gorro vermelho a dizer FuBu. Até porque ainda era Verão, a avozinha queria que a chavala fosse com estilo, com atitude, quando tivesse que atravessar a grande floresta para visitá-la à sua casinha bonita.

A menina gostou do presente à parva - tanto que já não queria sair mais sem o seu bonito gorro da atitude. E por isso todos lhe chamavam a Gorrinho Vermelho.

Certo dia, a avó da Gorro Vermelho ficou doentinha.

A mamã da Gorrinho, cópia a papel quimico daquelas senhoras que fazem de mães-donas-de-casa nos anúncios a detergentes da televisão, chamou-a com ternura e meiguiçe e, de sorriso aberto, e disse-lhe:

- Gorrinho, choca aí. Atão, miuda, tásse? Quero que leves à tua avó este Happy Meal e esta garrafa de Vodka. Sei que ela vai ficar tipo bué contente com a tua visita. Pá, vai sempre a direito e vê lá não te afastes do caminho, hã? Ó, e - méne - não cagues essa roupa, q'a gente não tem gás este mês e isso ódepois não sai a 40º.

Gorrinho Vermelho ouviu com muita atenção os conselhos da mamã, enfiou o cestinho no braço e pôs-se a caminho.

«Lá, lá, lá, lá, lá, lá», e tal, e lá foi ela toda contente.

Quando chegou à floresta, a Gorrinho Vermelho encontrou um lobo muito grande e muito mau, de mangas cavas com a etiqueta de fora a mostrar o matagal da sovaqueira e com o ternurento dizer «Morte à bófia».

- Ond’é q’ pensas q’vais com essa pica toda? - disse o lobo enquanto desligava o minidisc.

- Vou levar esta cestinha à minha avó, que está doentinha.

- Hmmm... E ond’é que é o cubículo dela?

- Bem no meio da floresta, perto de três grandes carvalhos.

Cheio de fome, o lobo congeminou:

- (F*d*-s* pá, Já tou farto de ir ao Mac; E temos nós aqui ma menina gordinha e apetitosa! Se tudo correr do s’bem, chego ao cubiculo da velha antes da Gorrinho, janto-a e ‘inda como a pita à sobremesa, que já não posso ver sundaes de morango à frente. E'inda "le" fico c’o gorro).

«Ha-ha-ha-ha-ha-haaaa», " e-depois-o-mundo", e tal, e mais-não-sei-quê, e disse ele:

- Não vás com tanta pressa, Gorro Vermelho. Vês estas flores bué-da-loucas? Por que não colhes algumas para a tua avó? Hm? E se andares uma beca mais devagar – assim tipo mais na descontra, tazaver? - podes curtir à brava o canto dos passarinhos, e coiso, e apreciar melhor os maravilhosos encantos da floresta e essas-cenas-assim.

A Gorrinho Vermelho levantou os olhos e ficou maravilhada com a beleza do sol a brincar com as flores do caminho e com as copas das àrvores. Pensou:

- (Não há dúvida. A avó vai ficar muito contente se eu lhe levar um raminho).

Despediu-se do lobo e pôs-se a apanhar flores à parva. Cada vez se ia afastando mais do caminho e entrava mais fundo, mais fundo e mais fundo na floresta.

«Lá, lá, lá, lá, lá, lá», e tal, e lá ia ela toda contente.

Enquanto a Gorrinho Vermelho estava distraída, o lobo correu depressa para o seu Punto GT.
E perguntam vocês, pessoas que pensam em coisas sérias como nós, pouco preocupados com a economia de narrativa e àvidos interessados por literatura infantil : como era o Punto GT do Lobo mau? Ao que parece, estava todo artilhado e uma vez até apareceu naquele programa de tunning da SicRadical; segundo consta, disseram que «as generosas entradas de ar frontais, a pintura roxo-bebé e as embaladeiras da marca Brlance Tunning da mesma cor da carroçaria reforçam a estética agresiva desta transformação».

O lobo mau lá ligou o chip, levantou o aileron e baixou as embaladeiras – aquilo «diz-que» para activar era só carregar num botão vermelho tipo míssil intercontinental da guerra fria - pôs os óculos escuros, e lá se fez ao caminho. Ainda era um bocado desde toca do esquilo até à casa da avozinha e ainda por cima agora tinha que pagar portagem na antiga SCUT que atravessava a floresta.

«Tunts, tunts, tunts, tunts, tunts», e tal, e lá chegou primeiro à casa da avó. Claro, não sem antes ter andado às voltas para encontrar lugar - sim, que aquilo na floresta,se há coisa que falta são lugares de estacionamento. Pôs a moeda no parquímetro, e foi bater à porta.

- Quem é? - perguntou a avozinha.

- Yo tásse, er... ahem... Sou eu, a Gorrinho Vermelho, – disse o lobo, imitando a voz aguda da menina.

- Trouxe-lhe aqui um Happy Meal e uma garrafinha de Vodka. Abres-me a porta, por favor?

- Abre o trinco e entra, -
disse a avó, levantando-se com dificuldade da cama, para receber a sua querida netinha.

A avozinha, vendo o lobo, ficou doida de medo - «ai, um lobo mau, um lobo mau!»- e deixou cair os copos que tinha na mão para beber uns shots de vodka com a menina, da garrafa que ela lhe trazia.
Correu em pânico, trancou-se na dispensa e, como estava muito fraca, desfaleceu no chão.

O lobo ficou todo possesso: «Grrrr, não andei a gastar gasosa p’ra nada! Nepia, eu quero papar a avozinha!» - pensou.

Decidido, tirou a manga cava, as calças, a corrente, os ténis, os enchimentos , abriu a gaveta onde a avozinha guardava as suas roupas e tirou uma camisola e uma touca. Vestiu-se e enfiou-se dentro da cama para esperar pela Gorrinho Vermelho.

Enquanto isso, a menina apanhara tantas flores que quase que nem podia com elas. Como já tinha passado muito tempo, decidiu pôr-se ao caminho para levar o Happy Meal e a garrafinha de Vodka à sua avó.

«Trá lá lá, trá lá lá», e tal, mas... quando chegou à casa da avó, viu que a porta estava aberta.

Preocupada, entrou à pressa, porque a avó tinha sempre o cuidado de fechá-la muito bem. Sim, que na floresta, para quem não sabe, há sempre muitos assaltos e a modos que uma pessoa pá não pode sair à rua descansada.

Entrou no quarto e disse bem alto, com a sua voz «aguda-lá-lá-lá» nada irritante:

- Olá avozííííííííííínha!

Mas ninguém lhe respondeu. E ela, tudo-bem.

Ficou parada,... à espera de ver um sinal da avó, ...procurou, ... procurou, ... procurou... até que ouviu alguém no quarto a cantarolar. «Ma-ia-hi, ma-ia-ha». Era a «avó», que estava deitada na cama e tinha os fones nos ouvidos. Aproximou-se devagar e viu-a deitada na cama.
Muito admirada de ver o aspecto horripilante da sua avó quando ficava doente, disse-lhe:
- Ó 'vó, a ouvir O-Zone? Atão mas tu não ouvias Rammstein?? Com que então apanhei-te, hein?Sua marota.
- Ai netinha, (ma-ia-hi) é a febre, é a febre (ma-ia-ha). Estou que nem posso (Ma-ia-ho-ho)

- Que orelhas grandes que tu tens, avó!

- São p’a gente curtir melhor o som quando vamos juntas ao Lux, minha linda!

- E que grandes olhos, avó!

- São p’a gente ver melhor os bâibes do Lux, minha neta!

Gorrinho Vermelho reparou, então, nas grandes patas do lobo saindo por debaixo do lençol.

- E que pés tão peludos que tu tens, avó!

- São para te dar abraços fofinhos aos bâibes do Lux , minha neta!

- E que grandes dentes tens!

- Clep, clep, são para te papar melhorrrrr.

Dizendo estas palavras, o lobo saltou da cama e foi atrás da Gorrinho Vermelho, que correu como se não houvesse amanhã.

Nesse momento, o Fred Durst, amigo da avozinha e que por acaso ia ali a passar na floresta - estava ali a tratar de vidas - foi atraído pelo barulho dos copos dos shots a partirem-se.
- Cenas a partir? Vou ver o que é que se passa. [Stófe brókin'? Let mi si wátse fáking rrôngue] - pensou ele para consigo em "amaricano"

O Fred Durst, viu a Gorrinho a vir na sua direcção em pânico e perguntou-lhe o que é que se passava.

E ela disse:

- Ah - e tal - estou a fugir do lobo mau, que me vai comer. A minha vida está em perigo, e não-sei-quê. Bolas. Co'a breca. C'um escafandro. E o lobo corre que se farta! Olha lá, tu não és o Fred? Epá, curto-te à brava. Epá, não me queres dar um autógrafo?

E o Fred, tudo bem.

Nisto, o lobo, de faca e garfo em riste, de lingua de fora a respingar o chão e com um guardanapo de papel entalado na camisola de malha aos losangos que tinha tirado da gaveta da avozinha, aproximava-se vertiginosamente da Gorrinho.

- Damn-bolas pá. Não pode fuking ser. Tenho que fucking salvar a fucking vida desta motherfucker. - pensou.

Virou-se para o lobo e disse-lhe:

- Méne, fáque yu pá.

O lobo sentiu-se tão ofendido que - pá - morreu ali.

Há muito tempo que o Fred esperava por este glorioso momento, até porque o lobo mau tinha o unico minidisc da floresta. Ia ele palmar-lho quando a avozinha, voltando a si, abriu a porta da despensa e saiu.

- Onde está a vodka? - perguntou

Todos riram à parva. Gorrinho Vermelho correu para abraçar a avó. Por lhes ter salvo a vida, lá convidaram o Fred Durst para tomar um shot de vodka na caneca do leite e comer um pedaço do hamburguer do McDonald’s.

E juntos, para comemorar, comeram, beberam e dançaram à doida em cima do Punto GT do lobo ao som do Car Audio System com 10 sub-woolfers de 100 Watts cada.

Tunts, tunts, tunts, ó-ó-ó-i-i-i, tunts, tunts, tunts, e viveram felizes para sempre.

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