Refrigerante.
Como pessoa culta que sou, leio sempre a Certa. E porquê? A Vips não leio porque não gosto de coisas vips. A Lux não leio porque não gosto de coisas luxuosas. Mas a Certa já leio porque gosto de coisas certas.
Para além do rigor científico da revista, gosto dela porque tem o poder de me sensibilizar para coisas. Sensibiliza-me para os benefícios do duche - afinal é importante lavarmo-nos. Sensibiliza-me para como manter as praias limpas - sublinhado para o truque "não deitar lixo para o chão". E sensibiliza-me para a importância dos refrigerantes.
Guarda-sol? Importante. Protector solar? Importante. Reciclar? Importante. Cremes pré-pré-pós-pré-pós banho? Importante. Refrigerantes? É adivinhar.
Diz o espectacular artigo "Venha refrescar-se!" que, "gaseificados ou não, os refrigerantes contribuem para o bem-estar do organismo".
Tomados de assalto pela curiosidade, lemos o texto com a avidez intelectual de quem persegue uma explicação, que é brilhante.
"Os refrigerantes contribuem para o bem-estar do organismo, uma vez que satisfazem a necessidade diária de líquidos no corpo".
Daqui tirei uma conclusão. Tudo quanto satisfaça a necessidade diária de líquidos no corpo contribui para o bem-estar do nosso organismo. É uma regra. É uma lei. É um teorema. Vem na Certa.
Há uma necessidade diária que nós temos e os refrigerantes existem para nos ajudar - obrigado, refrigerantes. Isto foi como que se uma luz celestial se tivesse abatido sobre mim. Foi como se tivesse ouvido uma voz dos altos céus ecoando em tom pedagógico: "Vês?".
No fundo do interior das profundezas lá-onde-habita-o-meu-ser, sabia que o refrigerante tinha que fazer bem a alguma coisa. E isso fez-me evoluir e tomar consciência de coisas: entre o "eu" pré-leitura e o "eu" pós-leitura, há uma diferença significativa. Agora - agora sim! - sou uma pessoa mais sábia, uma pessoa mais instruída, uma pessoa, seguramente, mais sensibilizada para a necessidade de tomarmos refrigerantes porque contribuem para coisas, coisas essas, por sinal, do âmbito do muita bom para a saúdinha.
O texto pode ter - tudo bem - muitos méritos. Mas não queria deixar de passar em branco a relevância de algumas questões metafísicas, encerradas na seguinte frase:
"os refrigerantes são a bebida ideal para - como o nome indica - refrescar".
A expressão "como o nome indica" faz pensar. Se os refrigerantes refrescam, os refrescos fazem o quê? Então o nome não indica? E qual é o sentido da vida do refresco? Que lugar no mundo? Que papel? E isto depois vai por aí fora: e o refrigerante? Não refrigera? E se refrigera, como fica o ar condicionado no meio disto tudo?
E todo um caminho por desbravar no domínio do aparvalhamento.
Como pessoa culta que sou, leio sempre a Certa. E porquê? A Vips não leio porque não gosto de coisas vips. A Lux não leio porque não gosto de coisas luxuosas. Mas a Certa já leio porque gosto de coisas certas.
Para além do rigor científico da revista, gosto dela porque tem o poder de me sensibilizar para coisas. Sensibiliza-me para os benefícios do duche - afinal é importante lavarmo-nos. Sensibiliza-me para como manter as praias limpas - sublinhado para o truque "não deitar lixo para o chão". E sensibiliza-me para a importância dos refrigerantes.
Guarda-sol? Importante. Protector solar? Importante. Reciclar? Importante. Cremes pré-pré-pós-pré-pós banho? Importante. Refrigerantes? É adivinhar.
Diz o espectacular artigo "Venha refrescar-se!" que, "gaseificados ou não, os refrigerantes contribuem para o bem-estar do organismo".
Tomados de assalto pela curiosidade, lemos o texto com a avidez intelectual de quem persegue uma explicação, que é brilhante.
"Os refrigerantes contribuem para o bem-estar do organismo, uma vez que satisfazem a necessidade diária de líquidos no corpo".
Daqui tirei uma conclusão. Tudo quanto satisfaça a necessidade diária de líquidos no corpo contribui para o bem-estar do nosso organismo. É uma regra. É uma lei. É um teorema. Vem na Certa.
Há uma necessidade diária que nós temos e os refrigerantes existem para nos ajudar - obrigado, refrigerantes. Isto foi como que se uma luz celestial se tivesse abatido sobre mim. Foi como se tivesse ouvido uma voz dos altos céus ecoando em tom pedagógico: "Vês?".
No fundo do interior das profundezas lá-onde-habita-o-meu-ser, sabia que o refrigerante tinha que fazer bem a alguma coisa. E isso fez-me evoluir e tomar consciência de coisas: entre o "eu" pré-leitura e o "eu" pós-leitura, há uma diferença significativa. Agora - agora sim! - sou uma pessoa mais sábia, uma pessoa mais instruída, uma pessoa, seguramente, mais sensibilizada para a necessidade de tomarmos refrigerantes porque contribuem para coisas, coisas essas, por sinal, do âmbito do muita bom para a saúdinha.
O texto pode ter - tudo bem - muitos méritos. Mas não queria deixar de passar em branco a relevância de algumas questões metafísicas, encerradas na seguinte frase:
"os refrigerantes são a bebida ideal para - como o nome indica - refrescar".
A expressão "como o nome indica" faz pensar. Se os refrigerantes refrescam, os refrescos fazem o quê? Então o nome não indica? E qual é o sentido da vida do refresco? Que lugar no mundo? Que papel? E isto depois vai por aí fora: e o refrigerante? Não refrigera? E se refrigera, como fica o ar condicionado no meio disto tudo?
E todo um caminho por desbravar no domínio do aparvalhamento.
Sem comentários:
Enviar um comentário